VITAMINA D

Coronavírus: qual a relação entre vitamina D e infecções respiratórias?

Fonte: Pebmed.(Acesse texto original aqui)

 

Identificada em 1920 como uma vitamina, o calciferol hoje é definido como um pró-hormônio. Dieta e exposição solar são as formas naturais de se obter a vitamina D. Essas duas vias trazem a forma inativa do calciferol e necessita ser ativado pelo fígado e se tornar 25-hidroxivitamina D, forma ativa do composto. Nos rins a 25-hidroxivitamina D se torna um hormônio biologicamente ativo, a 1,25 hidroxivitamina D.

Vitamina D e coronavírus

Nos últimos anos, a vitamina D ganhou muito espaço na mídia e é citada como agente capaz de trazer resultados positivos em diversas condições, especialmente relacionadas a imunidade e infecções de vias respiratórias.

No contexto da pandemia do coronavírus, faz-se necessária uma revisão das evidências atuais sobre tal assunto de visando o melhor serviço de orientações e prescrição sobre vitamina D.

A relação entre vitamina D e sistema imune é complexa e suas vias metabólicas ainda não são completamente descritas nem entendidas pelos pesquisadores.

Vamos às evidências!

Em 2017, o British Journal of Medicine publicou uma revisão sistemática e meta-análise de estudos clínicos randomizados sobre esse assunto: suplementação de vitamina D e prevenção de infecções respiratórias agudas.

Metodologia: Foram elegíveis os estudos clínicos randomizados, duplo-cegos, controlados com placebo com vitamina D3 ou D2 por qualquer tempo de duração. Restaram 25 estudos elegíveis com n=10 933 participantes. Pacientes de toda as faixas de idades participaram do estudo, desde o nascimento até os 95 anos.

Resultados: A suplementação com vitamina D se mostrou protetiva contra infecções agudas do trato respiratório. Quando divididas em subgrupos o subgrupo com níveis séricos < 25 nmol/L mostrou se beneficiar das suplementação (P=0,002), com um número necessário ao tratamento (NNT) de 8 (5-21) porém o subgrupo com níveis de vitamina D > 25 nmol/L não mostraram diferença estatisticamente significativa (P=0,15). Quanto menor eram os níveis de vitamina D, abaixo de 25 nmol/L, maior era a proteção da suplementação de vitamina D contra infecções do trato respiratório.

A suplementação diária ou semanal da vitamina D se mostrou eficaz em diversos estudos clínicos. O nível basal e frequência de dosagem se mostraram variáveis estatisticamente significativas no processo, porém a idade não foi uma variável importante. Isso mostra que o mais importante é manter um nível basal de vitamina D acima de 25 nmol/L durante o ano todo (por isso a frequência de dosagens é importante), independente da idade ou da posologia diária ou semanal.

A suplementação em altas doses agudas parece não ser indicada por causas flutuações demasiada grandes nos níveis basais de vitamina D e causarem desregulação de enzimas responsáveis pela síntese e degradação da forma 1,25 hidroxivitamina D, reduzindo assim as concentrações dessa substância nos tecidos extrarrenais.

Conclusões

O estudo mostrou que a suplementação de vitamina D, mantendo os níveis dentro dos valores de referência, se mostrou segura e com raros efeitos adversos (hipercalcemia 0,5% e nefrolitíase 0,2%).

Dessa forma a orientação mais atual e baseada em evidência sobre a relação da vitamina D com infecções do trato respiratório é: existe sim relação. Paciente com níveis de vitamina D abaixo de 25 nmol/L devem receber suplementação na dose necessária para atingir valores acima de 25 nmol/L. Dose diárias ou semanais são seguras e eficazes, porém, altas doses agudas podem não trazem mais benefícios e, por hoje, devem ser desencorajadas.

Autor:

Referências bibliográficas:

  • Martineau AR, Jolliffe DA, Hooper RL, et al. Vitamin D supplementation to prevent acute respiratory tract infections: systematic review and meta-analysis of individual participant data. BMJ. 2017;356:i6583. Published 2017 Feb 15. doi:10.1136/bmj.i6583
  • Rosen CJ, Taylor CL. Common misconceptions about vitamin D–implications for clinicians. Nat Rev Endocrinol. 2013;9(7):434–438. doi:10.1038/nrendo.2013.75