Pesquisa realizada por: Yasmine Maria Leódido Fortes
DISCIPLINA BIOQUIMICA METABÓLICA. CURSO DE MEDICINA. UEMA. CAXIAS-MA
A acidose metabólica decorre do aumento da acidez do sangue pela presença de uma concentração anormalmente baixa de carbonato. Para que a eletroneutralidade do organismo seja mantida, a soma de todos os cátions do nosso corpo deve ser igual à soma de todos os ânions. O principal cátion do organismo é o sódio e os principais ânions são o bicarbonato e o cloro. Isso ocasiona uma superação do sistema tampão do pH do corpo- pelo aumento do ácido -, uma respiração mais profunda e rápida já que o organismo tenta se livrar desse descontrole ao reduzir a quantidade de dióxido de carbono. Assim como, os rins tentam compensar excretando mais ácido úrico na urina. Se o corpo, todavia, continuar a produzir os ácidos em demasia, ambos os mecanismos são superados, acarretando uma acidose grave e, em última instância, o coma, sendo útil para antecipar complicações cardíacas, às vezes, um ECG.
Outros testes que são relevantes neste contexto são eletrólitos (incluindo cloro), glicose, função renal e hemograma. O exame de urina pode revelar acidez (envenenamento porsalicilato) ou alcalinidade (acidose tubular renal tipo I). Além disso, pode mostrar cetonas na cetoacidose. Para diferenciar entre os tipos principais de acidose metabólica, uma ferramenta clínica chamada de "anion gap", "hiato aniônico" ou "intervalo aniônico é considerada muito útil. Ela é calculada através do nível de sódio menos os níveis de cloro e bicarbonato somados.
O lactato (geralmente superiores a 5mM) é uma substância responsável pela elevação do intervalo aniônico e tem como respectiva patologia associada, a acidose láctica, decorrida de um decréscimo exagerado da concentração de oxigênio e uma queda no ATP em virtude da fosforilação oxidativa (aumenta a atividade da 6-fosfofruto-1-quinase). Assim, a hipóxia e hipoperfusão teciduais forçam as células a quebrar a glicoseanaerobicamente, produzindo o ácido láctico, cujo nível pode aumentar durante exercícios intensos e quando certas doenças ou desordens reduzem a oxigenação do sangue.
Algumas condições médicas subjacentes são fatores de risco para a acidose láctica. Entre elas as desordens de pulmões e rins, doenças de fígado ou coração, diabetes, câncer, síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) e certas desordens genéticas. Algumas medicações como a merformina (induz a acidose láctica como conseqüência da inibição do complexo I da cadeia mitocondrial do transporte de elétrons) indicada para diabetes do tipo 2 e aquelas indicadas para o vírus da imunodeficiência humana (HIV) também aumentam o risco de acidose láctica. A deficiência de tiamina, comum em alcoólatras desnutridos também causa acidose láctica como conseqüência da perda da atividade do complexo piruvato desidrogenase. Além disso, pessoas que experimentaram uma falha cardíaca, septicemia e choque podem desenvolver a acidose láctica.
Os sintomas iniciais da acidose láctica incluem dor abdominal, náusea persistente e cada vez pior e vômito. A pessoa pode sentir frio, especialmente nos braços e pernas, e também pode sentir cansaço, fraqueza e dor muscular. Outras possíveis manifestações clínicas incluem aceleração da respiração, dificuldade em respirar, sudorese, pele pegajosa e mau hálito ou hálito doce. A baixa oxigenação das extremidades pode resultar nas mãos ou pés ficarem na cor azul. O indivíduo pode ficar sonolento ou tonto. Por serem sintomas similares aos de outras desordens, o diagnóstico torna-se difícil, sendo que a identificação pode ser ainda particularmente problemática quando a pessoa possui outra doença crônica, embora seja importante identificar o mais cedo possível a acidose láctica. Para facilitar o difícil diagnóstico já referido, utilizam-se exames de sangue.
Se não for tratada, tais sintomas da acidose láctica podem progredir para um aumento do fígado, pressão sanguínea muito baixa, frequência cardíaca muito lenta, batimentos irregulares, desmaio e coma. Sendo que, a acidose láctica não tratada ou a postergação do tratamento pode ser fatal. O principal tratamento envolve a identificação e correção da causa adjacente da condição, que pode requerer mudança de medicamentos. O bicarbonato, por exemplo, geralmente é administrado em uma tentativa de controlar a acidose. Os médicos podem administrar medicação para tornar o sangue mais alcalino. A diálise é outra possibilidade. A chave para o sucesso, portanto, é encontrar e eliminar a causa da superprodução e/ou subtilização do ácido láctico, o que, muito frequentemente envolve a restauração da circulação de sangue oxigenado.