Prof.Dr.Luis Carlos Figueira de Carvalho

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Óleos voláteis

Óleos voláteis

1. INTRODUÇÃO

A ISO (International Standard Organization) define óleos voláteis como produtos obtidos de partes de plantas através de destilação por arraste com vapor de d’água, bem como os produtos obtidos por expressão dos pericarpos de frutos cítricos (Rutaceae). De modo geral, são misturas complexas de substâncias voláteis, lipofílicas geralmente odoríferas e liquidas. Também podem ser chamados de óleos essenciais, óleos etéreos ou essências. Essas denominações derivam de algumas de suas características físico-químicas, como por exemplo, a de ser geralmente líquida de aparência oleosa a temperatura ambiente, advindo, daí, a designação de óleo. Entretanto, sua principal característica é a volatidade, diferindo-se, assim, dos óleos fixos, e misturas de substancias lipídicas. Em água os óleos voláteis apresentam solubilidade limitada, mas suficiente para aromatizar as soluções aquosas, que são denominados hidrolatos. Outras de suas características são:

  • Sabor: geralmente acre (ácido) e picante;
  • Cor: quando recentemente extraídos são geralmente incolores ou ligeiramente amarelados;
  • Estabilidade: em geral, os óleos voláteis possui índice de refração e são opticamente ativos, propriedades estas usadas na sua identificação e controle de qualidade.

figura 1

2. CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA E BIOGÊNESE

Quimicamente, a grande maioria dos óleos voláteis é constituída de derivados de fenilpropanóides ou de terpenóides, sendo que esses últimos preponderam.

2.1. Fenilpropanóides

Os fenilpropanóides se formam a partir de ácidos chiquimico 1, que forma as unidades básicas dos ácidos cinâmicos 2 e p-cumário 3. Esses últimos por meio de redução enzimáticas produzem probenilbenzenos 4 e/ou alibenzenos 6 e, por meio de oxidação com degradação das cadeias laterais, geram aldeídos aromáticos 5; ciclizações enzimáticas intramoleculares produzem cumarinas.

2.2. Terpenoides

Os terpenoides constituem uma grande variedade de substancias vegetal, sendo que esse termo é empregado para designar todas substancias cuja origem Biosintética deriva de unidades do isopreno 9.

Os compostos terpenicos mais frequentes nos óleos voláteis são os monoterpenos (cerca de 90% dos óleos voláteis) e os sesquiterpenos. Outros terpenoides, como os diterpenos, são apenas encontrados em óleos voláteis extraídos com solventes orgânicos (Steinegger e Hansel,1992).

3. QUIMIOTAXONOMIA, LOCALIZAÇÃO E FUNÇÕES

3.1. Quimiotaxonomia

Óleos voláteis são raramente encontrados em gimnosperma (exceção de coníferas). Em angiospermas monocotiledôneas, a ocorrência é relativamente rara, com exceção das gramíneas (especialmente espécies de Cymbopogon e Vetiveria) e zingiberácea (espécies de Alpinia e cucuma, entre outras) (Hegnauer, 1979). No entanto, plantas ricas em óleos voláteis são abundantes em angiospermas dicotiledôneas, tais como nas famílias Asteraceae.

3.2. Localização

Dependendo da família, os óleos voláteis podem ocorrer em estruturas secretoras especializadas, tais como pelos glandulares (Lamiaceae), células parenquimáticas diferenciadas. Os óleos voláteis podem estar estocados em certos órgãos, tais como nas flores (laranjeira, bergamoteira), folhas (capim-limão, eucalipto, louro) ou ainda nas cascas dos caules (canela), madeira (sândalo, pau-rosa), raízes (vetiver), rizomas (cúrcuma, gengibre), frutos (anis-estrelados, funcho, erva-doce) ou sementes (noz-moscada).

 

3.3. Funções biológicas

As substâncias odoríferas em plantas foram considerados por muito tempo como “desperdício fisiológico” (Knobloch et al., 1986), ou mesmo produtos de desintoxicação, como eram vistos os produtos do metabolismo secundário.

Efeitos aleopáticos têm sido registrados para terpenos voláteis de Eucalyptus globulus Labill. E. camaldulensis Dehnh. (Myrtaceae), Artemisia absinthium L. (Asteraceae), presentes no chaparral californiano, geram um efeito inibitório tão intenso através de seus óleos voláteis, que outras plantas são totalmente inibidas em um raio de 1 a 2 metros, gerando zonas de solo nu em torno dos arbustos (ou grupo de arbustos) dessas espécies.

Existem trabalhos demonstrando que a toxidade de alguns componentes dos óleos voláteis constitui uma proteção contra predadores infestantes. Mentol e mentona, por exemplo, são inibidores de crescimento de vários tipos de larvas. Também existem evidencias de alguns insetos utilizam óleos voláteis sequestrados de plantas para defenderem-se de seus predadores. Assim, o vapor de algumas substancia como citronelal (utilizado por formigas) e α-pineno (utilizado por cupins) pode causar irritação suficiente no predador para fazê-lo desistir de um ataque.

Os trabalhos apontados indicam a existência de funções diversificadas para óleos voláteis, em parte determinadas pelas relações com o meio, o que sugere ampla variação, de acordo com o ambiente.

4. FATORES DE VIRIABILIDADE

A composição do óleo volátil de uma planta é determinada geneticamente, sendo geralmente especifica para um determinado órgão e característica para o seu estágio de desenvolvimento (Teuscher, 1990), mas as condições ambientais são capazes de causar variações significativas.

 

 

5. EXTRAÇÃO, TRATAMENTO E CONSERVAÇÃO.

Extração: os métodos de extração variam conforme a localização do óleo volátil na planta e com a proposta de utilização do mesmo. Os mais comuns estão sumarizados a seguir.

5.1. Enfloração

Esse método já foi utilizado, mas atualmente é empregado apenas por algumas indústrias de perfumes, no caso de algumas plantas com baixo teor de óleo de alto valor comercial. É empregado para extrair óleo volátil de pétalas de flores (rosas); as pétalas são depositadas, a temperatura ambiente, sobre uma camada de gordura, durante certo período de tempo.  Em seguida, estas pétalas esgotadas são substituídas por novas até a saturação total, quando a gordura é tratada com álcool. Para obter o óleo o álcool é destilado a baixa temperatura.

5.2. Arraste por vapor d’agua

Os óleos voláteis possuem tensão de vapor mais elevada que a agua, sendo, por isso, arrastados pelo vapor d’agua. Em pequena escala. Emprega-se o aparelho de Clevenger. O óleo obtido, após separar-se da agua deve ser seco com NASO4 anidro. Esse processo embora clássico possa levar a formação de artefatos em função de alta temperatura empregada.

5.3. Extração com solventes orgânicos

Os óleos voláteis são extraídos, preferencialmente, com solventes apolares (éter, éter de petróleo ou diclorometano) que, entretanto, extraem outros compostos lipofílicos, além dos óleos voláteis.

5.4.  Prensagem (ou expressão)

Esse método é empregado para extração de óleos voláteis de frutos cítricos. Os pericarpos desse fruto são prensados e a camada que contém o óleo volátil é, então, separada. Posteriormente, o óleo é separado da emulsão formada com agua através de decantação, centrifugação ou destilação fracionada.

5.5. Extração por CO2 supercritico

Esse método permite recuperar os aromas naturais de vários tipos e não somente óleo volátil, de modo bastante eficiente, atualmente, é o método de escolha para extração industrial de óleos voláteis. Nenhum traço de solvente permanece no produto obtido. Tornando-o mais puro que dos que aqueles métodos de obtenção. Para tal feito o CO2 é liquefeito a 31°C. Nessa temperatura o CO2 atinge um quarto estagio, no qual a sua viscosidade é análoga a de um gás, mas sua capacidade de dissolução é elevada como a de um liquido. Uma vez efetuada a extração, faz-se o CO2 retomar ao estado gasoso, resultando na sua eliminação total.

5.6. Tratamento:

Frequentemente, é necessário branquear, neutralizar ou retificar os óleos voláteis extraídos. A retificação, a seco ou por jato de vapor d’agua sobre pressão reduzida, permite eliminar os componentes irritantes ou com odor desagradável, obtendo-se produtos finais com alto valor.

5.7. Conservação:

A relativa instabilidade das moléculas que constituem os óleos voláteis torna difícil sua conservação. As possibilidades de degradação são inúmeras e podem ser estimadas através da medição de alguns índices (peróxidos, refração), da determinação de características físico-química. 

Os óleos voláteis devem ser guardados dessecados (secos com Na2SO4 anidro) e livres de impurezas insolúveis. Para reduzir a degradação, devem-se empregar frascos de pequenos volumes, em embalagens neutras, feitas de alumínio, aço inoxidável ou vidro âmbar.

6. DADOS FARMACOLÓGICOS

É importante não confundir as atividades farmacológicas de uma droga vegetal rica em óleo volátil com atividade farmacológica de óleo isolado da mesma. O óleo volátil de alecrim, por exemplo, é antibacteriano, enquanto que a função da planta é empregada para o tratamento sintomático de problemas digestivos diversos, por suas propriedades antiespasmódicas e coleréticas, devido à presença de compostos fenólicos.

Também deve-se levar em consideração que, se é possível estabelecer a atividade farmacológica de uma substancia isolada, o mesmo não é tão fácil para um óleo volátil que, além de ser uma mistura complexa, pode ter sua composição química alterada por vários fatores. Algumas propriedades farmacológicas, entretanto, estão relativamente bem estabelecidas e podem servir de exemplo.

6.1. Ação Carminativa:

Alguns óleos produzem certa anestesia sobre cárdia, permitindo seu relaxamento e consequência expulsão do ar do trato gastrointestinal. Exemplo: Erva-doce.

6.2. Ação Antiespasmódica:

Alguns óleos relaxam a musculatura lisa intestinal, diminuindo ou mesmo suprindo espasmos. Exemplo: Camomila.

6.3. Ação Cardiovascular:

Provocando aumento dos batimentos cardíacos e da pressão arterial. Exemplo: Canforeira.

7. DADOS TOXOLÓGICOS

Aqui também é necessário que se diferencie a toxidade de plantas medicinais ricas em óleos voláteis e dos óleos voláteis delas isolados. Os óleos, frequentemente, apresentam toxidade elevada. Isso é particularmente importante levando-se em consideração a existência de terapias ditas “naturais”, tais como aromaterapia (definida como o tratamento de doenças por óleos voláteis), que estimulam a automedicação e o uso abusivo. Os efeitos tóxicos dos óleos voláteis incluem não somente aqueles decorrentes de uma intoxicação aguda, mas também crônica. Além disso, os efeitos tóxicos dos óleos voláteis podem também ocorrer através do uso tópico (fototoxicidades e alergias).

O grau de toxidade depende também da via de administração; a ingestão por via oral é aquela que provoca maiores ricos, especialmente se os óleos voláteis forem ingeridos não diluídos. A maior parte dos dados relativos à toxicidade dos óleos voláteis diz respeito à administração oral. Do ponto de vista químico, os óleos voláteis com alto teor de compostos insaturados são, geralmente, os mais tóxicos.

8. DROGAS VEGETAIS CLÁSSICAS

Os óleos voláteis apresentam ampla distribuição em vegetais superiores. Estimativas sugerem a sua ocorrência em 30% das espécies investigadas. Da mesma forma, eles estão presentes em muitas drogas, contribuindo para suas características organolépticas e muitas vezes também para as propriedades terapêuticas atribuídas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

SIMEÕES, CM.: SCHENKEL, EP.: GOSMANN, G,.: MELO, J.C.P. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 6ª Ed. Porto Alegre: Ed da UFRGS/ Florionópolis: Ed. Da UFSC, 2007.1104p.

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