Prof.Dr.Luis Carlos Figueira de Carvalho

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Secreções e Cateter

Secreções e Cateter

RECOMENDAÇÕES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLINICA/MEDICINA LABORATORIAL. BOAS PRÁTICAS EM MICROBIOLOGIA CLINICA. SBPC/ML. ED. MANOLE. SÃO PAULO. 2015

 

Os microrganismo são encontrados em todos os ambientes inanimados e em associação com outros organismo vivos, incluindo as plantas, os animais e o homem. No entanto, apesar da distribuição universal, as bactérias são responsáveis pela maioria das doenças infecciosas, seguidas pelos vírus. A relação entre as bactérias e o homem tem características que devem ser conhecidas tanto pelo microbiologista como pelos profissionais de saúde que atendem o paciente, principalmente o médico. A pele e as mucosas do organismo humano apresentam microbiota que pode ser permanente ou transitória e que sofre influencias do sítio anatômico, da fisiologia desse sítio, da suscetibilidade aos patógenos e da morbidade do hospedeiro.

Sabe-se que muitos fungos e bactérias que compõem o meio ambiente ou a microbiota normal podem causar doenças em indivíduos severamente comprometidos, especialmente quando há imunossupressão, como ocorre nos pacientes transplantados, casos em que acontecem mudanças dramáticas no potencial do hospedeiro de torna-se suscetível a esses micro – organismos, a utilização de cateter venoso central é um fator de risco importante para infecções da corrente sanguínea, cujos agentes mais prevalentes são os que compõem a microbiota da pele o que torna essencial a adequação da fase pré-analítica do exame microbiológico para que o médico-assistente e o laboratório de microbiologia considerem assertivamente o micro-organismo isolado como o agente responsável ou não pelo processo infeccioso.

O conhecimento e a integração dos profissionais da equipe que presta assistência ao paciente, como médicos, enfermeiros, coletores e outros envolvidos no cuidado ao paciente, são muito importantes para que a tarefa do laboratório de microbiologia seja adequadamente cumprida. Por isso é fundamental a comunicação constante entre o microbiologista e os outros profissionais, pois a ausência dessa integração ou a não compreensão das informações de relevância clinica contidas no pedido ou no laudo do exame leva os laboratórios de microbiologias a enfrentarem críticas ou até a serem questionados quanto aos seus resultados.

A eficiência do laboratório de microbiologia em reportar resultados corretos dependendo da seleção do sítio para a coleta do procedimento e do transporte adequado da amostra biologia. Coleta e transporte inadequados são fatores que interferem no isolamento do agente responsável pelo processo infeccioso podendo acarretar maior recuperação de contaminantes e consequentemente induzir ao tratamento inapropriado do paciente.

É importante salientar que toda informação diagnostica do laboratório de microbiologia clinica é influenciada pela qualidade da amostra biológica recebida e que a acurácia do exame microbiológico depende de vários fatores envolvidos nas fases pré- analítica, analítica e pós-analítica.

Os principais fatores que influenciam a qualidade das fases do exame microbiológico são:

  1. Pré-analítica: hipótese diagnostica, escolha do local para coleta, coleta, transporte da amostra clínica, cadastro do exame e triagem da amostra clínica.
  2. Analítica: escolha adequada do método de coloração, dos meios de cultura e incubação para o processamento da amostra clínica.
  3. Pós-analítica: interpretação do resultado, liberação do laudo correntemente no menor tempo possível.

PEDIDO MÉDICO

O pedido médico deve conter o máximo de informações que o orientam o laboratório de microbiologia na busca do resultada mais adequado para o exame, portanto deve apresentar os itens a seguir.

  • Identifique clara do paciente. Nome completo, número de um registro pessoal ou institucional e data de nascimento, para evitar problemas com hormônios e com a faixa etária.
  • Informações sobre o paciente relevantes para o diagnostico do processo infeccioso (Tabela 1).

Informações sobre o paciente

 

  • Descrição da amostra clínica e seu sítio de coleta.
  • Campo para identificação do exame no laboratório ( número da análise microbiológica e seção do laboratório).
  • Natureza do teste solicitado.
  • Teste de sensibilidade aos antimicrobianos ou fungos.

COLETA E TRANSPORTE DA AMOSTRA CLÍNCA

O diagnóstico laboratorial das doenças infecciosas começa com a indicação clínica adequada do exame microbiológico, portanto o conhecimento da epidemiologia e fisiopatologia do processo infeccioso tem fundamental importância para que a indicação seja bem feita. Contudo a coleta e o transporte da amostra são etapas críticas na execução do exame microbiológico. O sitio de infecção deve ser cuidadosamente selecionado e para que a amostra seja adequada, devem ser considerados alguns conceitos básicos gerais:

  • O conhecimento da história natural e da fisiopatologia dos processos infecciosos é fundamental na determinação do período ótimo para a coleta da amostra clínica para o exame microbiológico. Esse momento além de ser determinado pelo tipo de doença infecciosa, depende também da habilidade do laboratório em executar esse exame.
  • Sendo os antibióticos agentes bactericidas ou bacteriostáticos, podem dificultar o crescimento bacteriano, por isso sempre que possível deve-se coletar a amostra antes da administração da terapêutica antimicrobiana, sempre tendo a informação de qual antimicrobiano o paciente está utilizando.
  • A amostra clínica deve representar o material do verdadeiro local da infecção. Portanto, deve ser evitada a sua contaminação a parti de tecidos adjacentes.
  • Deve ser obtida quantidade de material suficiente para serem executadas as técnicas de cultivo solicitadas, evitando assim resultado falso-negativo.
  • A suspeita de potencial agente etiológico define o método de coleta adequado e o sistema de transporte que suporte a viabilidade do micro-organismo responsável pela infecção. Por isso, deve-se sempre utilizar matérias e métodos adequados para a execução desses procedimentos, o que implica a utilização de frasco estéreis, com ou sem meio de transporte, ou com solução salina 0,89% e que devem ser tampados de modo a evitar vazamentos ou contaminação durante o transporte.
  • Apesar da ampla utilização do swab na coleta de amostra, principalmente de secreções, ele deve ser evitado. Caso seja inevitável a sua utilização, devem ser confeccionados com algodão alginatado e encaminhados ao laboratório em meio de transporte ou em solução salina 0,89%, nunca secos, o mais rápido possível.
  • Existem micro-organismo que exigem cultivos especiais, por isto é fundamental importância informar sempre ao laboratório a suspeita de um agente infeccioso especifico. Por exemplo: micobactérias, Camplybacter ssp, Legionella spp, etc.
  • Deve-se ter sempre o conhecimento da origem da amostra e ou sítio de coleta para que os meios de cultura sejam corretamente selecionados.
  • Sempre identificar adequadamente o frasco encaminhado para o laboratório, facilitando o retorno do resultado para o paciente.
  • Os membros da equipe envolvida com coleta de amostra biológicas devem ter em mente que os micro-organismo são seres vivos que se multiplicam e morrem rapidamente. Se isto ocorrer durante a coleta, o transporte ou a estocagem, a amostra clínica enviada não será representativa do processo infeccioso. Portanto, deve-se encaminhar a amostra biológica ao laboratório imediatamente após a coleta com a finalidade de assegurar o isolamento, principalmente dos micro-organismo mais sensíveis e exigentes além de evitar o isolamento de bactérias da microbiota normal que geralmente são mais resistentes e menos exigentes. Independente do sistema de transporte usado, o objetivo principal é reduzir ao mínimo o período que decorre entre a coleta e o processamento da amostra.

A suspeita clínica do processo infecciosos determina o tipo de amostra que deve ser coletada para confirmar, estabelecer ou complementar o diagnostico clinico. Dependendo da amostra a ser colhida, serão necessários alguns cuidados específicos.

TRATO RESPIRATÓRIO

Secreção de orofaringe

A amostra clinica é coletada da orofaringe ou tonsilas utilizando-se uma zaragatoa (swab) de algodão alginatado, evitando-se a contaminação com secreção da mucosa oral ou da língua, o que é facilitado com um abaixador de língua.

A amostra deve ser colocada em meio de transporte, sendo o ágar Stuarte o mais utilizado. Há recomendação para que, se possível, a inoculação em ágar sangue de carneiro a 5% seja feita imediatamente após a coleta, sem a utilização do meio de transporte, portanto à beira do leito.

Não deve ser utilizado medicamento tópico nas últimas 6 horas. O jejum não interfere no exame propriamente dito, mas recomenta-se que a coleta da amostra seja feita no mínimo 2 horas após a refeição.

Secreção de nasofaringe

A secreção de nasofaringe é coletada utilizando-se um swab de algodão alginatado especial, com alça fina e flexível, ou aspirada com um cateter nasofaringe. Este deve ser introduzido cuidadosamente na narina do paciente e delicadamente levado até a nasofaringe, onde sera coletada a amostra. O swab é coletado em meio de transporte, o ágar Stuart, e se a amostra for coletada por meio de cateter, deve ser encaminhada no recipiente de coleta.

Secreção nasal

A secreção nasal é utilizada principalmente para pesquisa de indivíduos portadores de S. áureos e é coletada com um swab de algodão alginatado, que deve ser introduzido cuidadosamente na narina do paciente e rolado contra a mucosa interna.

A amostra deve ser encaminhada ao laboratório em meio de transporte ágar Stuart.

Secreção de seios nasais

A amostra de escolha para o diagnóstico de sinusite é obtida por meio de aspirado de seios nasais, após descontaminação do local da punção com antissepsia rigorosa. A amostra deve ser transportada em frasco para anaeróbio ou na própria seringa utilizada na coleta, mas não deve ser refrigerada.

Escarro

 O exame microbiológico do escarro tem grande valor diagnostico, principalmente de micobacterioses, fungos patogênicos e Legionella ssp, mas é inadequada para cultura de anaeróbio. A coleta deve ser muito cuidadosa e a interpretação do resultado também, pois o trato respiratório superior pode ser colonizado por prováveis patógenos respiratórios.

O ideal é que a coleta seja feita pela manhã e supervisionada por um profissional de saúde. O paciente deve ser orientado a enxaguar a boca e fazer gargarejo com agua antes da coleta, e não coletar saliva ou secreção nasal posterior. Ele deve tossir algumas vezes para desprender a secreção pulmonar. A amostra deve ser coletada e transportada em frasco estéril, que deve estar adequadamente identificado com os dados do paciente, data e hora da coleta, e encaminhar rapidamente ao laboratório.

Devem ser enviados ao laboratório no mínimo 2 mL de amostra adequadamente coleta e transportada. Apenas uma amostra em 24 horas é suficiente para o diagnóstico de doenças causadas pelos patógenos mais prevalentes, mas para a detecção por fungos ou micobactérias, devem-se coletar 2 a 3 amostras em dias consecutivos. Segundo o Consenso de Tuberculose de 1997, para o diagnóstico, a primeira amostra deve ser coletada no momento da consulta, a segunda pela manhã do dia consecutivo e a terceira deve ser solicitada se a hipótese for forte e os dois resultados anteriores forem negativos.

A amostra clinica deve ser processada em menos de 2 horas, enviando o supercrescimento da flora contaminante, o que dificultaria o isolamento do verdadeiro agente infeccioso, por isso, se amostra não for processado dentro desse período, deve ser mantida a 4ºC no máximo por horas.

Escarro induzido

Alguns pacientes com processo infeccioso pulmonar apresentam pouca quantidade ou dificuldade na eliminação do escarro, sendo, nesses casos, indicada a coleta do escarro induzido, que deve ser feita após a inalação com solução salina hipertônica, composta de 20 a 30 mL de solução de NaCl de 0,85 a 10%. Os cuidados durante a coleta e o transporte são os mesmos descritos para o escarro. Deve-se lembrar que o Histoplasma capsulatum e o Blastomyces dermatidis sobrevivem pouco tempo nesse tipo de espécime clinico. O escarro pode não ser a amostra de escolha para determinar o agente etiológico de algumas pneumonias bacterianas, sendo sangue, lavado broncoalveolar ou aspirado transtraqueal os mais indicados.

Aspirado traqueal

A coleta da amostra do aspirado endotraqueal tem fácil execução e não é muito invasiva, mas pode apresentar alguns problemas, como coleta de amostra de secreção de nasofaringe no lugar de secreção endotraqueal e, principalmente, contaminação da amostra com a microbiota do trato respiratório superior.

A cânula de traqueostomia e dos respiradores torna-se rapidamente colonizada por bactérias Gram-positivas, portanto o isolamento desse agente pela cultura pode não indicar o agente infeccioso pulmonar, dificultando a interpretação do resultado, que deve ser muito bem correlacionada com os dados clínicos. Caso seja inevitável essa coleta deve ser feita por aspiração transtraqueal ou por meio de cateter protegido. Está indicada quando o resultado tiver influenciada terapêutica e se os resultados da avaliação de amostra obtidas por procedimento menos invasivos não foram esclarecedores.

Amostra broncoalveolares

As amostras broncoalveolares são coletadas com os recursos da broncoscopia, que foi desenvolvida em 1930, e tem sido usada primeiramente para a investigação de doenças pulmonares não infecciosas e nos últimos 20 anos, tem sido muito utilizada para detecção de agentes infecciosos não usuais, em pacientes em uso de ventilação mecânica e principalmente em pacientes imunocomprometidos. Essas amostras incluem lavado broncoalveolar, escovado protegido e escovado não protegido, sendo que apenas o escovado protegido pode ser utilizado para o isolamento de bactérias anaeróbias, desde que o transporte seja feito em anaerobiose.

 O lavado ou escovado broncoalveolar deve ser encaminhado imediatamente ao laboratório em frasco estéril e processado dentro de 1 hora, pois a recuperação de micro-organismo é feita por meio de cultura quantitativa e qualquer demora no seu processamento pode alterar a contagem de colônias ou permitir a recuperação maior de contaminantes.

Para o diagnóstico de pneumonia por fungos, micobactérias e Legionella ssp, apenas a cultura qualitativa é suficiente.

FERIDAS E ABSCESSOS

Pela presença da flora normal de pele, deve-se tomar cuidado para coletar amostras representativa do processo infeccioso. Esta deve ser coletada da borda interna da lesão, e não da secreção purulenta ou exsudato espontaneamente eliminados. Assim, a melhor amostra é coletada por meio de biopsia.

Lesão aberta

Fazer debridamento da lesão e depois limpar com solução fisiológica. A amostra deve ser coletada da borda interna da lesão. Se usar swab, colocá-lo em meio de transporte ou solução salina 0,89% e encaminhar imediatamente ao laboratório.

Abscessos

A secreção de abscesso deve ser coletada por meio de punção. Portanto, para evitar contaminação por agentes da microbiota da pele, deve ser feita antissepsia no local da punça e coletar a amostra com seringa e agulha, colocando-a em frasco estéril. Se houver suspeita de micro-organismo anaeróbio, colocar a amostra em meio de transporte para anaeróbio e informar ao laboratório o sitio da infecção e a suspeita clínica.

A secreção de abscesso cavitários e a biopsia cerebral são amostras adquiridas por meio de processo cirúrgico. Sempre que possível, a secreção deve ser obtida por aspiração. Essas amostras clinicas devem ser encaminhadas rapidamente ao laboratório em condições de anaerobiose, isto é na seringa ou em meio de transporte para anaeróbio.

TRATO GENITAL

As amostras do trato genital são submetidas ao exame microbiológico principalmente para detecção de patógenos sexualmente transmissíveis. O diagnóstico dessas infecções genitais depende fundamentalmente da amostra coleta, e a determinação da amostra apropriada depende do sitio da infecção e do micro-organismo suspeito, portanto a integração entre o médico e o laboratório é essencial.

Trompa de Falópio ou anexos

O material é coletado por aspiração durante o procedimento cirúrgico, envia-se rapidamente ao laboratório 1 a 2 mL do material em meio de transporte para anaeróbio.

Glândula de Bartolin

Fazer a assepsia da pele da mucosa com solução de iodopovidine a 10%, deixar secar, aspirar o material do ducto glandular e enviar rapidamente ao laboratório o material em meio de transporte para anaeróbio ou seringa vedada.

Cérvice uterino

A avaliação microbiológica da secreção do cérvice uterino é utilizada para o diagnóstico de infecções especificas pela N. gonorrhoeae, C trachomatis, herpes-vírus simpex, Actinomyces israelli e papilomavirus humano, é a amostra de escolha para a detecção de N. gonorrhoeae em mulheres.

Ao coletar a amostra, umedecer o espéculo com solução fisiológica estéril não deve ser utilizado lubrificante, pois este pode inibir crescimento bacteriano. Retirar o excesso de secreção que se apresenta no orifício esterno do colo com swab ou gaze estéril e introduzir um swab estéril delicadamente no colo uterino e deixa-lo durante 15 ou 20 segundos, rotacionando-o para obter material das glândulas endorcervicais. Encaminhar o swab em meio de transporte:

  • N. gonorrhoeae: Stuart modificado ou Amies com carvão.
  • C. trachomatis: fosfato de sucrose.
  • Hespes-vírus simplex: Stuart modificado ou caldo de infusão de carne com antibiótico.
  • Actinomyces israelii: transporte para anaeróbio.

Secreção vaginal

O exame microbiológico de secreção vaginal é utilizado para o diagnostico de infecções por Trichomonas vaginalis, Candida albicans e para a decção de vaginose.

A paciente deve ser orientada a não fazer uso de creme ou óvulos vaginail, nem de ducha com lavagem vaginal interna nas 48 horas que antecedem a coleta da amostra. A higiene intima deve ser a habitual, com agua e sabonete, somente externamente. Se for solicitado exame microbiológico de secreção uretral, deve estar pelo menos há 2 a 3 horas sem urinar. Ao coletar a amostra, umedecer o espéculo com solução fisiológica estéril; não deve ser utilizado lubrificante, pois este pode inibir o crescimento bacteriano. Se possível, a coleta deve ser feita pela manhã, segundo as normas anteriores.

Coletar secreção da mucosa alta do canal vaginal com dois swabs estéreis. Encaminhar um swab em meio de transporte e outro em NaCl 0,89%, pois será necessário para preparar o esfregaço para o exame microscópio.

Secreção uretral

A avaliação microbiológica da secreção uretral é útil no diagnóstico das uretrites. No exame microscópio, é pesquisada a presença de Trichomonas ssp e a bacterioscopia do esfregaço corado pelo Gram. Faz parte da cultua de rotina a pesquisa de diversos agentes, como a N. gonorrhoeae, Gardnerella vaginalis e Candida spp. Para a decçao de outros agentes como Mycoplasma hominis, Ureaplasma erealyticum e Chlamydia trachomatis, são necessários métodos especiais.

O material deve ser colhido 2 a 3 horas após micção. Deve –se estimular a eliminação da secreção:

Na mulher: massageando delicadamente a uretra contra a superfície púbica através da vagina; coletar a secreção com zaragatoa e colocar em meio de transporte, sendo o meio de Amies com carvão o mais recomendado, ou o meio de Stuart modificado.

No homem: varia de acordo com a situação:

  • Secreção abundante:
  • Fazer assepsia da glande com gazes embebidas em solução salina, iniciando pelo meato e a parti daí abrangendo toda a glande, e em seguida, enxugar com gaze seca.
  • Solicitar ao paciente que faça a expressão do pênis, para que a secreção se exteriorize, coletar a amostra com swab alginatado e colocar em meio de transporte.
  • N. gonorrhoeae:  Stuart modificado ou Amies com carvão.
  • C. trachomatis: fosfato de sucrose.
  • Preparar o esfregaço em duas laminas delimitadas de 1 x 2, rolando-o de uma extremidade à outra da área, ou enviar o swab em salinas 0,85%.
  • Secreção escassa:
  • Após assepsia da glande, introduzir um swab alginatado 2 a 3 cm no canal uretral, deixar durante 15 segundos, fazendo uma raspagem das paredes da uretra.
  • Preparar o esfregaço em duas laminas com área padronizada 1 x 2 cm, rolando o swab de uma extremidade da área a outra lentamente de uma única vez para obter um esfregaço o mais uniforme possível.
  • Coletar material com swab alginatado e colocá-lo em meio de transporte.
  • Ausência de secreção:
  • Fazer assepsia da glande com a orientação acima.
  • Coletar a urina de 1 jato, solicitando ao paciente para urinar apenas 5 mL; encaminhar para o laboratório em frasco estéril.

 

Cultura de secreção prostática, urina pós-massagem prostática e esperma

Este são os materiais clínicos processados no diagnostico laboratorial de prostatites e orquiepididimite. Historicamente é definido como o melhor exame para diagnostico de prostatites o método dos quatro frascos de Meares e Stamey, de 1968 (referência Meares), que avalia comparativamente urina e secreção prostática, obtidas sequencialmente conforme segue: no frasco 1, colhe-se a urina de primeiro jato;; frasco 2, urina jato médio pré-massagem prostática; frasco 3, liquido prostático pós-massagem; e frasco 4, o terceiro jato pós-massagem. O critério diagnostico para prostatite bacteriana crônica consiste no resultado da cultura do liquido prostático (frasco 3) e ou urina após massagem (frasco 4) com contagem superior a 5.000 UFC/mL. A contagem bacteriana do liquido prostático (frasco 3) e do primeiro jato pós-massagem (frasco 4) deve ser pelo menos 10 vezes maior que a do primeiro e segundo jato pré-massagem (frasco 1 e 2). Quando as culturas dos frascos 3 e 4 precisam ser avaliadas com atenção. Devem ser utilizados ágar sangue e ágar Thayer Martin com incubação em microarofilia. Para orquiepidimite, sugere-se coleta prévia de urocultura com jato médio seguida pela coleta do esperma. Considerar resultados da cultura de esperma com contagens maiores ou iguais a 5.103 UFC/mL para uropatógenos convencionais e qualquer contagem para N. gonorrhoeae. Avaliar os resultados para descartar infecção do trato urinário primaria ou concorrente a orquiepididimite.

Lesão genital

O uso prévio de medicamentos tópico interfere no exame microbiológico portanto deve ser suspenso durante 3 dias antes da coleta.

Limpa a superfície da lesão com NaCl 0,85% se houver crosta, deve ser removida antes da coleta da amostra. Pressionar a base da lesão ate a saída de fluido límpido, coletar o material com swab estéril. Para a bacterioscopia, coletar esse fluido colocando uma lamina sobre a lesão ou com swab estéril em solução salina 0,85%.

Colocar em meio de transporte especifico e encaminhar imediatamente ao laboratório.

INFECÇÃO RELACIONADA AO CATETER

Existem vários tipos cateteres intravasculares: de curta permanência, de longa permanência, sistema abertos e sistemas fechados.

Na implantação do cateter há o rompimento da barreira do tecido cutâneo, colocando o paciente em risco de desenvolver infecções relacionadas a esse tecido. O local da inserção do cateter torna-se colonizado com baterias da pele do paciente, principalmente estafilococos ou com as carreadas pelos profissionais de saúde. Esses agentes podem ser responsáveis por infecções locais, com a possibilidade de infecção primaria da corrente sanguínea adquirida por meio da inserção ou do lúmen, cuja fonte é a colonização do hub ou a infusão de fluidos contaminados.

A infecção relacionada ao cateter venoso central pode se manifestar como infecção do sito de inserção, como celulite dos tecidos moles adjacentes ao túnel de inserção do cateter, pelo fato de o cateter, e pelo fato de o cateter está diretamente com espaço intravascular estéril, é grande o risco de resultar em bacteremia.

A coleta e o transporte são etapas críticas para a execução adequada do exame.

  • Infecção do sitio de inserção do cateter: a coleta de secreção do sito de inserção do cateter deve ser feita após a limpeza do local com solução fisiológica estéril e coletada com zaragatoa alginatada, colocada em meio de Stuart e encaminhada o mais rápido possível ao laboratório.
  • Infecção da corrente sanguínea relacionada ao cateter – bacteremia: confirmação da infecção relacionada ao cateter venoso central requer a recuperação do mesmo agente isolado na hemocultura. A cultura pode ser feita de três formas:
    • Amostra de sangue pareado: esta opção de coleta é a de escolha, pois não há necessidade da remoção do cateter. Deve ser coletada uma amostra de sangue periférico e uma obtida pelo cateter no mesmo momento, contendo o mesmo volume de sangue. Se não houver possibilidade da coleta do sangue periférico, é recomendado a coleta de ≥ 2 amostras de sangue obtidas de diferentes lumens do cateter. As amostras de sangue imediatamente inseridas nos frascos de hemocultura, que são rapidamente enviados ao laboratório. A interpretação do resultado é feita dependendo do método de cultura utilizado.
    • Cultura da ponta do cateter: a mais frequentemente utilizada quando o cateter é de curta duração ou intravascular, mas so é feita após a indicação clínica e retirada do cateter. Deve ser enviada a contaminação do cateter durante sua retirada, sendo necessário que esse procedimento seja realizado em condições totalmente assépticas. Após sua retirada, cortar 5cm do segmento distal do cateter e colocá-lo em tubo cônico estéril. Encaminha-lo rapidamente ao laboratório, pois seu procedimento deve ser realizado dentro de 2 horas. A demora na inoculação nos meios adequados resulta em ressecamento da amostra e consequentemente, em erro na interpretação do resultado da cultura. Se houver secreção no local da inserção do cateter, está também deve ser enviada ao laboratório para exame microbiológico. A cultura da ponta de cateter pode ser quantitativa ou semiquantitativa, utilizando o método descrito por Cleri ou Maki, respectivamente (Cleri, 1980; Maki, 1977) A interpretação é feita por meio da contagem de colônias quantitativa e > 15 UFC/mL na semiquantitativa, é sugestiva de que o cateter seja a fonte de infecção da corrente sanguínea.
    • Infecção do cateter de longa duração: o diagnostico pode ser feito por meio da cultura do sitio de inserção e do hub do cateter. Pode ser feita também a cultura do segmento subcutâneo, mas só ó realizada após a indicação clínica e retirada do porte. Deve ser evitado a contaminação do cateter durante sua retirada, sendo necessário que o procedimento seja realizado em condições totalmente assépticas. Após a retirada, o segmento subcutâneo do cateter deve ser colocado em frasco estéril e encaminhado rapidamente ao laboratório. A interpretação do resultado é feita de acordo com a amostra clínica e a metodologia utilizada. A colonização é definida como a presença de ≥ 15 UFC por placa e ≥ 100 UFC por placa, pelos métodos de rolamento e sonicação, respectivamente. Semiquantitativo com crescimento de < 15 UFC por placa do mesmo agente em ambas as culturas da secreção do sitio de inserção e do hub do cateter é indicativo de que a infecção da corrente sanguínea não está relacionada ao cateter.

ACEITABILIDADE E REJEIÇAO DE AMOSTRAS CLÍNICAS

O recebimento criterioso das amostras clinicas pelo laboratório de microbiologia é fundamental e garante melhor correlação clínico-laboratorial. Desse modo devem existir normas para aceitar ou rejeitar determinados matérias e condições que quando detectados tornam necessários o contato com o médico solicitante para melhores esclarecimentos, ou solicitação de nova amostra dentro dos critérios de aceitação.

Critérios de aceitabilidade da amostra

  • Amostra identificadas adequadamente, relacionadas com pedido médico.
  • Amostras coletadas e transportadas seguindo rigorosamente os critérios de orientação do laboratório.
  • Amostras recentemente coletadas.

Critérios de rejeição da amostra

  • Erros na identificação.
  • Amostras identificadas inadequadamente.
  • Discrepância entre a identificação da amostra e o pedido médico.
  • Falta de identificação da amostra
  • Origem da amostra ou tipo de amostra não identificada.
  • Teste a ser realizado não especificado.
  • Amostras coletadas em frascos ou meio de transporte inadequados para o exame solicitado.
  • Amostras obtidas durante 24 horas, pois estão sujeitas à contaminação em virtude da manipulação de micro-organismo menos exigentes contidos na amostra, o que pode introduzir a resultados errôneos.
  • Amostras coletadas e transportadas tardiamente ao laboratório, mesmo em meios de transporte, pois estes mantêm as amostras apenas 6 a 8 horas.
  • Material conservado inadequadamente
  • Ponta de cateter de Foley
  • Ponta de cateter em solução salina ou meio de transporte.
  • Material de colostomia; material de debridamneto.
  • Mais de uma amostra colhida no mesmo dia e do mesmo sítio. Excerçao: hemocultura.
  • Amostras contidas em formalina.

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